25.5.05

 

Ô, Márciô! Cê viu o Igor por aí?


Tá com raiva da patroa? Xinga, mas não mata.*

Em 18 de abril de 2001, Igor Ferreira da Silva, promotor, foi considerado culpado pelo assassinato da esposa, Patrícia Longo, morta em 9 de junho de 1998. Igor fez o serviço quase completo: matou a mulher e o filho (ela estava grávida de sete meses). Segundo um exame de DNA, o filho não era dele. Do pai não se sabe. Por razão desconhecida (ao menos por este escriba), foi permitido ao promotor aguardar o julgamento em casa. Alguma coisa aconteceu com o coitado, pois, desapareceu, tão logo saiu o veredicto (foi condenado a 16 anos e quatro meses de prisão). Seu advogado, na ocasião, era o nosso Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Bem, ele foi condenado já faz mais de quatro anos e até agora, nada... Curiosamente, ainda hoje, 25 de maio de 2005, o nome dele consta da Entrância Especial de cargos fixos do Ministério Público. Tá lá. Ele é o 4º Promotor de Justiça Criminal do V Foro Regional (de São Miguel Paulista). É só procurar o nome Igor Ferreira da Silva. Não sei, mas seria muita coincidência haver um promotor homônimo. E se o nome ali consta, a conclusão natural é que ele ainda recebe seus proventos de promotor de justiça.

* OK, OK, confesso o meu crime. Copiei a idéia do sabonete Paulo "Estupra-mas-não-mata" Maluf, aquele que diz que não tem nem nunca teve contas no exterior. A pérola original era: "Tá com desejo sexual? Estupra, mas não mata." E ainda tem gente que vota nisso...

24.5.05

 

Um grão de areia = um milhão de estrelas


Saída... pela singularidade.

Domingo (22.5.2005), assisti a dois programas muito interessantes na BBC. O primeiro (The Flow of Time) versava sobre a passagem do tempo e as diferentes maneiras de se percebê-lo, com base na teoria da relatividade e na física quântica. Grosso modo, de acordo com a teoria da relatividade, a maneira como percebemos o tempo seria completamente equivocada. Em tese, não há passado nem futuro. Cada momento é único. Passado, presente e futuro podem existir simultaneamente. O que nos leva à conclusão de que tudo o que está para acontecer, na verdade, já está predeterminado, o que implica o fim do livre-arbítrio. Só que a mecânica quântica mostra que, ao menos no nível das partículas subatômicas, tudo é imprevisível (até mesmo gatos podem ser mortos-vivos). É um tema espinhoso. No nível dessas partículas minúsculas, o ato de observar interfere no próprio fenômeno observado, tornando, então, impossível qualquer tipo de predeterminação. Segundo Sir Roger Penrose, um dos mais renomados físicos teóricos da atualidade, muito embora as duas teorias estejam corretas (a despeito da contradição entre uma funcionar com base na predeterminação e a outra na imprevisibilidade), o que nos salva é que, apesar de vivermos no mundo macro (em comparação com as partículas subatômicas) da relatividade, nosso cérebro seria uma espécie de computador quântico, o que nos libertaria para fazermos escolhas. Tudo isso é por demais complexo para este pobre escriba. Pode ser que Ninguém tenha entendido tudo errado, por isso, ficam aqui as minhas mais sinceras desculpas. De qualquer modo, se tudo já fosse predestinado, viveríamos em um mundo muito chato e completamente sem sentido (não que haja sentido no mundo em que vivemos). Por isso, um viva à mecânica quântica.

O segundo programa (Are We Alone?) falava sobre a possibilidade de existir vida em outros planetas. As chances, aparentemente, são enormes, dada a imensa vastidão do universo e do número assombroso de galáxias, estrelas e planetas. Para se ter uma idéia, o número de estrelas no universo é calculado como sendo igual a um milhão (1.000.000) vezes o número total de grãos de areia existentes em todas as praias da Terra. É isso mesmo, bravo(a) leitor(a)! Para cada grãozinho de areia existente em nosso planeta, existem um milhão de estrelas. A probabilidade de existirem outros planetas com condições semelhantes às nossas (isto é, capazes de sustentar formas de vida orgânica) é enorme. Então, por que ainda não fomos visitados por nenhuma forma de vida extraterrestre inteligente? Porque, provavelmente, eles não perceberam que há vida neste nosso cantinho remoto da galáxia sem nada de especial. Ou então, pode ser que tenham percebido que há vida neste planeta, mas que a forma de vida "superior" é tão irrelevante que não vale a pena perder tempo tentando entrar em contato. Como disse um amigo: "This is a very humbling thought."

De qualquer modo, supunhetemos que haja vida inteligente (semelhante à nossa*) não muito longe (para os padrões do universo) daqui, vamos dizer, do outro lado da galáxia, a 100.000 anos-luz da Terra. Bem, estamos enviando sinais de rádio para o espaço sideral há pelo menos 50 anos. Então, imagine o tempo que levaria para que esses sinais chegassem até esse planeta do outro lado da galáxia... Pois é, 100.000 anos (supondo que esses sinais de rádio estejam viajando à velocidade da luz). Quando isso acontecer, é bem provável que o planeta já não exista mais (ao menos do modo como o conhecemos atualmente). Como serão as formas de vida sobreviventes no planeta Terra daqui a 100.000 anos?


Já pensou se, além de inteligentes, as alienígenas forem assim?

* Agradecemos Uncle Filthy pela dica.

20.5.05

 

Fui almoçar, volto já...


Apressado come cru (e paga caro).

Cliente não pede, manda. E mandou Ninguém trabalhar a noite inteira. Então, o texto de hoje fica para amanhã. Enquanto isso, divirta-se com os nossos comerciais.

19.5.05

 

E morreu o Charada!


Santa Charada, Batman! Frank Gorshin (1933-2005)

Acabo de ler no Guardian Unlimited uma matéria sobre a morte de Frank Gorshin, o ator que fazia o Charada. Batman foi um dos seriados que mais me marcou. Gostava do Charada, mas o vilão de que mais gostava era o Rei Tut. Engraçado, torcia para o Batman, porque a gente sempre quer ficar ao lado do vencedor (e o Batman vencer era inevitável), mas me divertia às pampas vendo o trabalho que dava, para a dupla dinâmica derrotar o Pinguim, o Curinga, a Mulher-Gato (que povoava os sonhos lúbricos de nossa pré-adolescência), o Cabeça de Ovo (com o ator predileto de Uncle Filthy) e, obviamente, o Charada e o Rei Tut. Frank Gorshin, não sabia, parece que era exímio imitador. RIP.

18.5.05

 

E o melhor do sexo é...


Às vezes, uma garrafa não é só uma garrafa.

Fazer.

 

Voodoo Butter Underpants


Music is the best! Francesco Zappa (1940-1993)

Frank Zappa faz falta. Só fui gostar de Zappa por insistência de um amigo da adolescência, que insistia em escutar Zappa sempre que podia. E como a gente era jovem, sempre podia. Tanto insistiu que acabei virando fã, mas fã assim meio que marretado, pois não conheço nem um décimo da opus zappiana. Sorte minha, pois ainda tenho muito o que descobrir. De qualquer modo, o meu disco predileto é Tinsel Town Rebellion, com a maravilhosa The Blue Light seguida pela genial Tinsel Town Rebellion, para mim, a quintessência da música zappiense. E o vídeo é Does Humor Belong In Music, que vi várias vezes em VHS na casa desse amigo. Eita bons tempos da juventude. Mas bom mesmo foi ter comprado The Best Band You Never Heard In Your Life, que registra shows da turnê de 1988 - Broadway The Hard Way. Apesar de o disco homônimo só ter saído em outubro, era esse o nome da turnê. Ninguém teve o prazer de ver Zappa ao vivo em Londres, e é possível que nesse CD estejam registrados alguns gritos de Ninguém em duas das músicas. Como o CD não dá as datas em que as gravações foram feitas, não dá para saber se foi no dia em que Ninguém assistiu ao show ou não. Tudo isso, só para dizer que Frank Zappa faz falta.

 

Stalin & Hitler, Injustiça em Dobro


Farinha do mesmo saco.

Acabo de ter uma longa conversa com um amigo na qual, entre outras coisas, discutimos essa dupla do barulho. Ele cita uma conversa que tivemos com Uncle Filthy, na qual este dizia achar deplorável que se condenem demonstrações com a suástica nazista, mas que o mesmo não ocorra nas manifestações em que a foice e o martelo estampam estandartes geralmente vermelhos. (Hum, pensando bem, essa frase está ligeiramente ambígua. O que quis dizer é que Uncle Filthy acha manifestações que estampem a foice e o martelo em suas bandeiras tão deploráveis quanto manifestações que exibam a suástica nazista. Para ele, é lamentável que só se estas sejam condenadas enquanto que aquelas sejam placidamente aceitas sem grandes questionamentos.)

Em minha modesta opinião, é muito mais fácil desassociar a foice e o martelo da figura de Stalin do que pensar isoladamente na suástica e em Hitler. Por um lado, a ideologia e a prática nacional-socialista eram totalitárias e defendiam a conquista e escravização de raças supostamente inferiores. Além disso, o regime nazista surgiu e desapareceu com Hitler (Ok, existem neonazistas, mas a Alemanha nunca voltou a ser nazista.) . A ideologia e a prática comunista, por outro lado, eram distintas. É mais ou menos como pegarmos a nossa Constituição (a ideologia) e vermos o que acontece no dia a dia do cidadão (a prática). A mensagem ideológica do comunismo era absolutamente distorcida pela prática stalinista, porém, isso não muda o fato de que essa mensagem teve um enorme poder de atração (seguindo a tradição da "liberdade, igualdade e fraternidade" da Revolução Francesa).

Tenho plena consciência da barbárie stalinista: do Gulag, dos expurgos da década de 1930, e das perseguições e massacres perpetrados por Stalin et caterva em nome do comunismo. Não tenho dúvida de que, se Trótski tivesse ocupado o lugar de Stalin, teria sido tão filho da puta quanto Stalin ou, quem sabe, até mais cruel do que este. Só que não consigo "associar de modo indissociável" Stalin à foice e ao martelo e ao comunismo, da mesma forma que associo Hitler à suástica e ao nazismo. E não estou sendo ingênuo nem mal-intencionado. Apenas constato um fato.

14.5.05

 

Crédito Fácil a Juros Módicos


Perigo! Perigo!

Desconto em folha de pagamento é ilusão de crédito fácil. A única garantia, como sempre, é a de que os bancos não perderão o dinheiro fácil que tomam do respeitável público. Se ao menos vivêssemos em um país normal, com juros normais, com níveis de educação e de emprego decentes, no qual as pessoas não precisassem fazer empréstimo para pagar conta de supermercado...

Outro dia, reclamando da taxa básica de juros com um amigo, ele retrucou: "Mas o problema não é só a taxa de juros. A turma reclama, mas se esquece do ágio cobrado pelos bancos." Ele tem razão. Só que, se a taxa básica fosse mais baixa, ao menos essa seria uma desculpa a menos para justificar esse ágio. Tudo bem que os bancos são a ponta mais visível desse iceberg, mas essa minha bronca em relação ao "laissez faire, laissez passer" vale para toda a economia. Como não há livre-concorrência no Brasil nem seriedade na regulamentação das atividades econômicas, fica tudo como dantes no quartel de abrantes. As empresas que aqui se instalam tropicalizam seus hábitos rapidinho... "Opa, também quero me locupletar!" Ué, para que é que elas vão concorrer se dá mais lucro ficar na maciota, adotando as "melhores práticas" do mercado? Bom, mais um assunto que dá pano pra manga. Como não gosto de manga, fico por aqui (por enquanto).

 

O que faz um serial killer em suas horas vagas? Salva vidas.


Você compraria um carro usado desse moço?

Domingo passado, li a coluna do Sérgio Dávila na Revista da Folha e, ao olhar o título (A Celebração da Morte) e a foto que a ilustrava*, veio-me imediatamente a imagem de Ted Bundy, um serial killer que salvou vidas, trabalhando em um centro de aconselhamento (tipo CVV. Será que ainda existe isso no Brasil? Existe!). O relato está em The Stranger Beside Me, um livro escrito por Ann Rule, uma autora especializada em crimes reais. Li esse livro há pouco tempo. Uma de suas curiosidade é que a autora foi amiga de Bundy (trabalharam num CVV de Seattle) durante muitos anos. O detalhe é que ele sabia que ela estava coletando informações para um livro sobre os crimes que ele estava cometendo... Uma das coisas que mais me impressionou foi a facilidade com que ele mudava de aparência (veja as fotos abaixo). De qualquer modo, não se deixe enganar pelas capas apelativas das várias edições do livro, ele é muito bem escrito, não é sensacionalista e é de matar (calma, leitor, ele só mata a sua curiosidade.).


Ué, será que peguei a foto errada?


Dizem que há uma cena gravada desse dia. Não sei, não vi.


O bom samaritano.


"I'd rather not be here."


Gotcha!


Há uma foto em que ele está a cara do Billy Crystal. Certamente, não é esta aqui.

* A foto mostra um telefone com linha direta ao CVV local de San Francisco. Ao fundo, aparece a Golden Gate Bridge.

13.5.05

 

Efeméride


Para a esmagadora maioria, uma viagem sem volta.

Não dá para deixar passar em branco a data. Então, cito aqui um livro que me ajudou a entender um pouco o que foi a escravidão e suas implicações para os infelizes dos escravos: Ser Escravo no Brasil, de Kátia Mattoso. Essa é, provavelmente, a obra que melhor conseguiu descrever todo o processo de degradação física e cultural por que passava o indivíduo escravizado. Ela abarca vários momentos da vida do "elemento servil" (eufemismo usado por nossos conterrâneos no século XIX, para descrever os escravos), de sua liberdade inicial, em terras africanas, até a compra - sem garantia de entrega - da liberdade aqui no Brasil, incluindo toda a desestruturação familiar, desenraizamento cultural e as milhares de formas de exploração da mão de obra negra. O regime escravocrata era muito, mas muito filho da puta. As famosas cartas de alforria, que, segundo aprendeu na escola o pessoal da minha geração, supostamente eram dadas aos escravos como reconhecimento por serviços prestados, eram, na verdade, vendidas a eles. Mais que isso. Além de serem vendidos, muitas vezes, esses contratos permitiam que o senhor se arrependesse. Se, por exemplo, o Preto João, depois de comprar sua alforria, passasse a se comportar de modo desrespeitoso para com o antigo dono, o sinhô podia anular a alforria vendida. Outro exemplo era o da Negra Maria, que só obteria a liberdade, depois que pagasse pela carta. Além do pagamento em dinheiro, que representava um enorme sacrifício à já sacrificada mulher, era preciso que, após a morte do senhor, ela prestasse serviços durante X anos para a viúva. Depois que a viúva morresse, sabe-se lá quantos anos mais tarde, a pobre Negra Maria teria ainda de trabalhar durante mais Y anos para o sinhozinho e a sinhazinha, herdeiros da viúva. Aí, se ela sobrevivesse...

O sistema escravocrata estava tão enraizado no etos brasileiro que, tão logo juntava algum dinheiro, uma das primeiras providências que tomava um ex-escravo, já como homem livre, era adquirir um escravo para si!

O livro é muito bem escrito, curtinho e vai direto ao assunto. Ainda que Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, seja uma obra-prima deliciosa de se ler, Ser Escravo no Brasil dá uma noção muito mais direta e crua do que isso significava. No fundo, ser escravo (aqui ou em qualquer outro lugar) era ( e é) uma grandissíssima merda!

 

Casamento mais que perfeito


O beijo na serpente. Sir Derek Jacobi (Cláudio) beija Siân Philips (Lívia).

O melhor casamento que já vi entre literatura e televisão (tá legal, a BBC é outra história, mas é TV, né?) foi a condensação de duas obras-primas do Robert Graves, I, Claudius e Claudius the God, que resultou na minissérie I, Claudius (BBC, 1976), doze horas e tralalá de atuação de altíssimo nível. Robert Graves, poeta, tradutor, romancista e soldado na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), fez um belíssimo romance histórico sobre "the life and times" de alguns dos mais famosos imperadores romanos (de Augusto a Nero). Se é fiel à história ou não, não sei. O Graves era um estudioso sério e baseou-se n'A Vida dos Doze Césares, de Suetônio, que ele mesmo havia traduzido (há outras traduções, como a do enlace usado em Suetônio). Os livros são maravilhosos, e a minissérie, mesmo para quem abomina o gênero, é algo de primoroso. O elenco tem alguns dos melhores atores que já vi: Sir Derek Jacobi (Cláudio), Brian Blessed (Augusto), Siân Philips (Lívia), George Baker (Tibério), John Hurt (Calígula), Patrick Stewart (Sejano), John Rhys-Davies (Macro) Bernard Hepton (Pallas) e a deliciosa Sheila White (Messalina). Para quem não gosta de nada disso, mas acha legal a série Jornada nas Estrelas e conheceu Patrick Stewart já calvo, também vale a pena, pois ele aparece cabeludo! Todos estão fabulosos. E a belíssima Siân Philips... Ah, Siân Philips, que atriz, que atriz! É uma pena que todos esses grandes atores sejam desperdiçados nas produções mais mudérnas de nona categoria, relegados a meras pontas e papéis coadjuvantes. O tempora, ô mardição!


Derek Jacobi com Brian Blessed (Augusto)


Jacobi com a dupla dinâmica da devassidão: John Hurt (Calígula) e George Baker (Tibério)


Jacobi com a deliciosa Sheila White (Messalina)


Surpresa! Patrick Stewart (Sejano) cabeludo com Jacobi

Se houver interesse em comprar o dvd, recomendo a deepdiscountdvd. Os preços costumam ser bem mais em conta.

E agora chega, que eu tenho de trabalhar.

P.S.: Eis aqui duas fotos do principal suspeito...


Crime scene!


Good-bye to all that

12.5.05

 

¡Viva Sapata!*


A Danica senta a sapata!

Eu não disse que essa moça é fera? Marcou, hoje, o melhor tempo classificatório para as 500 milhas de Indianápolis. Velocidade média: 366,261 km/h. Idade: 23 anos.

* Em homenagem ao jargão do Edgard Mello Filho, que fala que corredor bom "senta a sapata" (sapatilha). Favor não confundir com a outra sapata.

 

Atenas tem um novo rei


Thou shalt not forget.

Enquanto a antigo rei de Atenas tomba,
Seu filho faz-se rei sem o saber.
A alva vela, repousando à sombra,
Revela a morte ao pai por não se erguer.

E como poderia o rei Egeu,
Naquele exato instante, não pensar,
Que o monstro estava vivo, e não Teseu,
Ao ver a vela negra se insuflar?

Pensando que seu filho estava morto,
Ao mar se atira o nobre rei Egeu.
Seu filho, vivo, chegará ao porto
E logo saberá que o pai morreu.

A alva vela jaz deitada à sombra,
A morte é revelada ao rei Egeu.
O antigo rei ateniense tomba,
Selando a triste sina de Teseu.

São Paulo, 25 de setembro de 1994 (10ª versão).

 

Se você gosta de automobilismo como Ninguém e está cansado de ver marmanjos...


O que os olhos não vêem, a terra há de comer...

Veja então esta moça: Danica Patrick. Além de rápida (senta a bota, mesmo), é um dádiva dos deuses.

Tá legal, ela merece uma outra foto:

Com quantos cavalos se faz uma máquina?

E só pra não dizer que ela não corre:

É mentira, Terta?

 

De Rotten Fish ao Crème de la Crème, passando pelo Homem Branco que Roubou o Blues e não se esquecendo nem do Tim Maia!


Qual é o preço de tabela?

Ontem, Ninguém ganhou um ingresso para o show do Fish, ex-vocalista do Marillion. Ninguém foi fã de Marillion durante algum tempo. Depois, deixou de acompanhar o que acontecia com a banda. A banda se desfez, e o tempo passou. Ninguém foi ao show e... bem, digamos assim que esse tal de tempo é inclemente para quem não se chama Mose Allison. O gajo é uma sombra da voz que um dia já teve (era uma voz muito peculiar) e a mesa de som parece que estava mais interessada em sabotar os ouvidos do respeitável público. O som (?) estava horrível, embolado, não dava para ouvir nada, verdadeira cacofonia. A melhor coisa do show foi a mocinha que ele contratou para fazer o backing vocal. Ela, sim, tinha uma voz potente e melódica (era afinadinha). Pena que não guardei o nome. Teria sido melhor se ela cantasse e se o Fish, como disse o meu amigo, ficasse só fazendo os gracejos. A nota curiosa da noite foi uma pequena coincidência. Antes de ir ao show, conversei com um amigo pelo Skype (invençãozinha maravilhosa), e ele me contou que o Cream se reuniu e fez uma série de shows no início de maio no Royal Albert Hall. Muito bem, o show do Fish foi no mesmo Olympia onde vi (e ouvi) Eric Clapton há muitas primaveras... Pois bem, se alguém aí estiver disposto a financiar a empreitada, topo ir de intérprete ao próximo show (do Cream! do Cream!). E faço como pedia o Tim Maia*, quando foi perguntado se pagaria para comer a Xuxa: "Só pago o preço de tabela."

* Procurei, procurei e não encontrei nenhum sítio decente sobre o Tim Maia, que, apesar de não me fazer a cabeça, tinha uma voz infernal (no melhor dos sentidos). Parece que a entrevista foi para a Playboy em 1991.

11.5.05

 

Se você gosta de automobilismo como Ninguém e quer dar boas risadas...


Edgard Mello Filho

É só escutar qualquer Loucos por Automobilismo com o Edgard Mello Filho. É divertidíssimo. E incorretíssimo politicamente.

 

Uma segunda chance para cometer os mesmos erros (ou quase)


Doug? Cadê você?

Será que vale a pena voltar no tempo? Não sei, mas tenho a impressão de que faria tudo exatamente igual. Teria feito as mesmas bobagens (bebido além da conta, cantado a mulher errada, falado merda quando deveria ter ficado calado, comido nhoque até ficar enjoado, etc.) e, muito provavelmente, teria os mesmos arrependimentos (devia ter comido ao menos umas três "porpetas" a mais que a minha avó fazia, soltado os cachorros quando não deveria ter ficado quieto, cantado as duas mulheres ao mesmo tempo, bebido um pouco mais, etc.). É claro que teria obtido os mesmos acertos (ficado sóbrio em determinadas ocasiões, cantado a mulher certa, mandado a puta que pariu quem merecia, descoberto o quanto strogonoff é gostoso depois de achar durante anos que era nojento, etc.).

O sonho de todo marmanjo(a) é voltar no tempo com a experiência que se tem no presente. Mas tenho a impressão de que é um sonho furado. Não sei se seria viável alterar o nosso próprio passado. De qualquer modo, se o fizéssemos, não seríamos quem somos. E, pensando bem, seria detestável ter consciência disso (e a teríamos). Só somos quem somos por conta de nossos muitos erros e acertos. Caso contrário, seríamos outra pessoa. Não sei quanto a vocês, mas detestaria ser outra pessoa.

Acho que a única coisa que mudaria, se tivesse essa segunda chance, seria o meu voto. Ah, se arrependimento matasse...

9.5.05

 

Rapidinha: OMC e Transgênicos


O Destino do Poseidon.

Rapidinho, porque estou sem tempo. Em que pese a nobre tentativa dos países em desenvolvimento de conquistar fatias do mercado de commodities agrícolas, o perigo real e imediato são os transgênicos. E o perigo não é à saúde e sim à economia. Não sou cientista nem escritor de ficção-científica, mas não é preciso ir muito longe para vislumbrar, em um futuro não muito distante, enormes plantações de soja, milho, trigo, laranja e tudo o mais, resistentes a todo o tipo de praga, sendo cultivadas em qualquer tipo de clima e solo e a um custo muito, muito baixo. Entonces, de que adianta o país se especializar no agronegócio? O agronegócio brasileiro é um titanic indo de encontro a um iceberg chamado transgênia. A colisão é inevitável...

3.5.05

 

Isto aqui vicia


É pior que a mardita!

E como! Mal postei a última mensagem, já estou cá a escrever outra. Desta vez, o assunto é mais leve. É uma mensagem para espalhar aos quatro ventos: leiam Pilatos, do Carlos Heitor Cony. É de mijar de rir. O protagonista é um homem que se viu separado do seu, digamos assim, bem mais precioso. Não digo mais nada para não estragar a leitura alheia.

Este ano, tive a grata surpresa de redescobrir o prazer de ler ficção. Fiquei maravilhado com Viva o Povo Brasileiro, do João Ubaldo Ribeiro. Gostei muito, também, de ler Quarup, do Antonio Callado.

Retorno a este assunto mais pra frente, que atrás vem gente.

 

Ninguém previu que seria tão rápido,


Por que é que só o povão tem de pegar fila?

mas foi. Então, tenho algum tempinho pra matraquear pela ponta dos dedos. Como dizia, um páis está fodido se o Judiciário for corrupto. Por quê? Ora, porque você não tem a quem apelar. Em outras palavras, quem tiver dinheiro SEMPRE se dará bem.

Há uma série de medidas que poderiam ser tomadas para melhorar essa situação, mas é muito difícil colocá-las em prática quando aqueles que poderiam fazer algo a respeito não o fazem, seja por falta de discernimento (eleitores), seja por falta (ou excesso, depende do ponto de vista) de interesse (políticos). Assim, continuamos uma nação fodida. Há solução para nós, levando-se em conta o atual status quo político? Como país, não. Talvez no âmbito local e em comunidades com número bem limitado de habitantes. Não em lugares como São Paulo ou Rio de Janeiro. Muito menos para o país inteiro.

A situação só tende a piorar. Há aqueles que acreditam no "quanto pior, melhor". Isso é uma falácia. Quanto pior, pior! Já dizia o Barão de Itararé: "De onde não se espera nada é que não vem nada mesmo."* (Sei lá por que cargas d'água citei o ilustre nobre, deu vontade.) Mas voltando à vaca fria...

Ninguém tem a solução para melhorar a vida do povão: tornar o uso do equipamento público básico (educação, saúde, transporte e moradia) obrigatório para todo o cidadão que seja eleito, nomeado ou concursado para ocupar cargo público (nos três poderes e nos três níveis de governo, incluindo empresas de economia mista e as "agências"). A obrigatoriedade abarcaria (eita!) a família imediata do cidadão (pais, cônjuge e filhos). Aposto que a qualidade do serviço público à disposição da população mudaria da água para o vinho em menos tempo do que levou a viagem do pau-de-arara que trouxe o Lula de Garanhuns para o Sul Maravilha. Aposto, também, que a qualidade dos ocupantes de cargos públicos melhoraria 1.000.000%.

Ah, tem também a reforma do Judiciário, que deveria começar pelo fim da prescrição de crimes, instituto que só serve pra beneficiar criminoso. Mas isso é conversa pra outra hora...

* Cito de memória. Provavelmente, a citação está errada, mas o espírito de porco, digo, da coisa era esse.

 

Corrupção


Tem jeito?

Tenho um amigo que costuma dizer o seguinte: "Se o Executivo e o Legislativo (isto é, os políticos) de um país estão corrompidos, sempre é possível dar um jeito (se você vive numa democracia). Agora, se o Judiciário for corrupto, o país está fodido." Sem comentários. Ou melhor, comentários outra hora, porque, agora, preciso voltar pro serviço.

2.5.05

 

Viagem no tempo


Don't Panic!

Semana passada, assisti a uma entrevista com Michio Kaku, Professor de Física Teórica na City University of New York, na BBC. Como muita gente, Ninguém sempre se interessou por viagens no tempo, buracos negros, viagens espaciais, mas nunca foi atrás. Essa entrevista chamou a minha atenção. Coincidentemente, estava lendo um livro que ganhei há três anos e estava encostado na estante: As Sete Maiores Descobertas Científicas da História, de David Eliot Brody e Arnold R. Brody (tradução Laura Teixeira Motta), Cia das Letras, ISBN 85-7164-944-8. O livro, como o próprio título diz, trata das sete maiores descobertas científicas. A que mais fascinou Ninguém foi a que trata da formação do Universo. Talvez impressionado pelas imagens do Hubble, que este ano completa 15 primaveras, passei a dedicar mais atenção a esse tipo de assunto. Assim que assisti à entrevista, troquei dois dedos de prosa com um fiel amigo sobre o tema. Fiquei interessado em comprar o livro mais recente do Dr. Kaku (Parallel Worlds). Ontem à noite, depois de horas enrolando na página da amazon.com, esse amigo me ligou, para comentar sobre a entrevista que havia saído com o Dr. Kaku no caderno mais da Folha de S.Paulo. Não, não havia lido (li depois). O que mais chamou a atenção dele foi a explicação do Dr. Kaku para os buracos de minhoca. Para Kaku, esses buracos ligariam um ponto de nosso Universo não a outro ponto há/a milhões de anos-luz, mas a um outro ponto em outra dimensão. Desconheço física teórica, mas, em meu mui leigo modo de entender, os buracos de minhoca ligariam dois pontos de nosso Universo. Ainda que muito distantes um do outro, eles estariam na mesma dimensão. Bom, ficarei coçando a cabeça até que o livro mo chegue às mãos. Aproveitei e comprei um outro livro do Kaku (Hyperspace) e um terceiro sobre viagem no tempo: Time: A Traveler's Guide, de Clifford A. Pickover, que, entre outras coisas, é pesquisador da IBM. Acho que é isso. Tá bom pra primeira mensagem, né? Até mais.

 

Ninguém sabe. Ninguém viu.


Onde foi mesmo?

Olá, forasteiro. Este diário de bordo é um modo de dar vazão à raiva que Ninguém sente todos os dias. Mas Ninguém também tem alegrias neste urzal de lágrimas. Como Ninguém pode se dar ao luxo de assassinar o idioma-mátrio, Ninguém pretende fazê-lo com requintes de crueldade e... como é mesmo que se diz... torpeza? Ah, deixa pra lá. Ninguém vive de escrever o texto dos outros. Cansado disso, Ninguém decidiu escrever seus próprios textos. Como você se sente, sendo cobaia de Ninguém nesta experiência macabra e de gosto duvidoso? Bom, poblema da senhora... Ninguém é obrigado a ler ou concordar com isto aqui. Menos você. Acho que é isso. Vamos ver se Ninguém consegue tocar este trem. Ah, sim. Boa sorte!

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