29.10.05

 

O filme e mais três blogues


Dá para ser infiel?

O Jardineiro Fiel é um bom filme, mas poderia ser melhor. O enredo é o seguinte: um diplomata inglês (Ralph Fienes) conhece uma ambientalista (Rachel Weisz) e se casam. A ambientalista investiga indústrias farmacêuticas e é morta. O viúvo sai investigando por conta própria o que aconteceu com a falecida.

Não sei se isso só acontece comigo, mas há determinados detalhes que acabam me deixando de má-vontade para com um filme. No caso em tela (literalmente), há uma cena, no início do filme, que me incomodou. Justin Quayle (Fienes) está encerrando uma palestra, quando a futura Tessa Quayle (Weisz) lança uma saraivada de perguntas e impropérios contra o governo de Sua Majestade. Não sei, mas a reação de Weisz nessa cena me pareceu um tanto quanto exagerada. Seria fruto de overacting? Talvez. Só que, de acordo com um amigo meu, que conhece como ninguém (e não Ninguém) as reações dessa turma (porque já foi desse jeito, quando era jovem), é assim mesmo. Há um pessoal que realmente perde as estribeiras. Enfim, de qualquer modo, isso já me irritou logo de saída. Outra coisa que me incomodou foi terem mencionado, lá pelo meio do filme, a idade da personagem de Weisz: 24 anos. O problema é que, para mim, Weisz tem bem mais de 24 anos (ela tem 34), e, por mais que tentasse, não conseguia tirar isso da cabeça. Não que a considere uma atriz ruim, incapaz de interpretar alguém mais jovem. Não. Gosto dela, mas, talvez por conta da minha má-vontade inicial, juntei lé com lé e deu cré com cré.

A patroa gostou do filme. Ninguém gostou, mas com ressalvas. Coisas boas: 1) a música e as danças são geniais; 2) as paisagens africanas são espetaculares (tirando os favelões); e 3) a atuação é muito boa.

Talvez volte a assistir a esse filme novamente. Quem sabe, numa segunda vez, os problemas que notei desapareçam.

Ah, sim, o filme é baseado no livro homônimo de John LeCarré, autor muito apreciado por este escriba. Não li The Constant Gardener ainda, mas sei que LeCarré não é tonto. Talvez tenha havido um certo exagero na teoria da conspiração (são sempre exageradas) que amarra o filme, mas que há algo de podre no reino da Dinamarca, isso há.

Falando de filmes e discussões sobre filmes, acabei de incluir entre os blogues que visito o It's equal but it's different, do Daniel Doro Ferrante, um doutorando de física na Universidade de Brown, com quem tenho trocado idéias ultimamente sobre várias coisas, inclusive sobre o fato de algumas pessoas acreditarem que podem se informar sobre o mundo por meio de filmes. Adicionei, também, o Supernova, um blogue sobre exploração espacial, escrito pelo sempre competente e simpático Salvador Nogueira, colega de redação do autor do terceiro blogue de hoje: o Blog do Sérgio Dávila, que, como disse esse mesmo amigo, ofereceu a melhor cobertura jornalística sobre a terceira Guerra do Golfo, incluindo-se nessa comparação o mainstream da imprensa anglo-saxã.

Agora, volto pra casinha, porque tem trabalho e não dá para ficar enrolando muito.

28.10.05

 

Trafalgar e Lord Nelson - Recarregado


Victory! Victory!

E não é que havia um brasileiro na tripulação do Victory, a embarcação comandada por Lord Nelson durante a Batalha de Trafalgar? Não acredita? Então, veja aqui. O nome do cidadão era Jas Caton, tinha 28 anos e era um LM (ou landsman), que em bom português é marinheiro de primeira viagem.

Amanhã, falo sobre o filme.

PS: Como eu mesmo acabo de me lembrar, tecnicamente, o camarada não era brasileiro, porque o Brasil não existia como unidade autônoma. Em 1805, o Brasil ainda era o nome que se dava ao conjunto de colônias portuguesas na América. Depois da vinda da família real, em 1808, ainda demorou alguns anos antes que virasse Reino Unido (1815). Ah, mas que foi legal pensar nessa possibilidade durante algum tempo, isso foi!

26.10.05

 

Ninguém foi ao cinema

Volto à noite.

24.10.05

 

Novos Blogues e o Problema do Paranthropus


E a lista vai aumentando...

Acrescentei mais alguns blogues à minha listinha de favoritos. Descobri o Idéias Antigas, do Paranthropus, por intermédio do psicodiafanista. Já o 2005 - Uma Odisséia Literária, encontrei nem me lembro mais como. Chamaram-me a atenção o título do blogue e um de seus posts. O Crônicas do Iglu foi descoberto por meio de um comentário deixado pela dona do blogue nesse mesmo post do 2005. O Idéias Antigas fala, basicamente, sobre ciência e ambientalismo. O autor não tem papas nem reverendos na língua. Como Ninguém, não engole a lenga-lenga do DI ("design inteligente"). O 2005 trata de literatura e livros, e seu autor, Leandro Oliveira, é um verdadeiro profissional da leitura. Finalmente, o Crônicas do Iglu é sobre as aventuras de uma enfermeira brasileira em Vancouver. A moça, Flávia, realmente tem o dom de escrever e divertir.

Ah, uma dica para o Paranthropus, para diminuir o spam:

1) No painel de controle do seu blogue, clique em "Settings";
2) Em "Settings", clique em "Comments";
3) Em "Comments", clique em "Yes" para a pergunta: "Show word verification for comments?"

Isso fará com que os robozinhos que enviam spam automaticamente sejam obrigados a fazer algo para o qual não estão preparados, isto é, ler uma figura. Só humanos conseguem fazer isso. Em outras palavras, o spammer em potencial terá o trabalho de ler o que está escrito nessa figura e digitar esse conteúdo em um espaço apropriado. Como os robozinhos não lêem figuras, corta-se o mal pela raiz.

23.10.05

 

O Referendo e o Homem Cordial


And my vote goes to...

No caderno especial sobre o referendo, publicado na Folha de S.Paulo de hoje, a jornalista Laura Capriglione afirma que o Nordeste seria o último refúgio do homem cordial mencionado por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil (1936). Segundo ela, para o historiador, "o traço típico do brasileiro" estaria traduzido no ser "generoso e hospitaleiro no trato" (vide abaixo). Só que, como a grande maioria das pessoas, ela se vale apenas de parte do que disse o historiador, esquecendo-se de ler a importante ressalva feita por ele, na nota de rodapé à expressão "homem cordial" (os grifos a seguir são meus):
"A expressão é do escritor Ribeiro Couto, em carta dirigida a Alfonso Reyes e por este inserida em sua publicação Monterey. Não pareceria necessário reiterar o que já está implícito no texto, isto é, que a palavra "cordial" há de ser tomada, neste caso, em seu sentido exato e estritamente etimológico, se não tivesse sido contrariamente interpretada em obra recente de autoria do sr. Cassiano Ricardo onde se fala no homem cordial dos aperitivos e das "cordiais saudações", "que são fechos de cartas tanto amáveis como agressivas", e se antepõe à cordialidade assim entendida o "capital sentimento" dos brasileiros, que será a bondade e até mesmo certa "técnica da bondade", "uma bondade mais envolvente, mais política, mais assimiladora".

"Feito este esclarecimento e para melhor frisar a diferença, em verdade fundamental, entre as idéias sustentadas na referida obra e as sugestões que propõe o presente trabalho, cabe dizer que, pela expressão "cordialidade", se eliminam aqui, deliberadamente, os juízos éticos e as intenções apologéticas a que parece inclinar-se o sr. Cassiano Ricardo, quando prefere falar em "bondade" ou em "homem bom". Cumpre ainda acrescentar que essa cordialidade, estranha, por um lado, a todo formalismo e convencionalismo social, não abrange, por outro, apenas e obrigatoriamente, sentimentos positivos e de concórdia. A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, nisto que uma e outra nascem do coração, procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado. "

Fonte: Holanda, S. B., Raízes do Brasil, Companhia das Letras, São Paulo, 1998, p. 204-5

Em outras palavras, o homem cordial não apresenta esse viés exclusivamente pacífico, que nove entre dez textos, como é o caso da matéria da Folha, deixam transparecer. Assim, segundo SBH, o que caracteriza o homo brasiliensis é a sua irracionalidade. Ele é emocional, passional e sangüíneo, com tudo o que isso tem de positivo e de negativo.

Segue o trecho da Folha:

O duelo do "sim" e do "não" na terra do homem cordial
LAURA CAPRIGLIONE

ENVIADA ESPECIAL A MINADOR DO NEGRÃO (AL)

Da pesquisa Datafolha divulgada ontem, emerge uma única macrorregião em que a maioria da população é favorável à proibição do comércio de armas e munição -o Nordeste, onde 53% dos entrevistados disseram apoiar o "sim" (voto 2).

Como se fosse o último refúgio do homem cordial de que falava o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, para definir o traço típico do brasileiro generoso e hospitaleiro no trato, o Nordeste contrasta com os Estados do Sul, onde apenas 19% dos entrevistados manifestaram intenção de votar no "sim", contra 81% no "não".

Em busca desse tal homem cordial, a reportagem da Folha foi até o município de Minador do Negrão, sertão alagoano, 169 quilômetros de Maceió, 6 mil almas, 3.500 eleitores.
Fonte: Folha de S.Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005, Caderno Especial - Referendo, p. 6.

 

Por que Ninguém não participa do Orkut?


Nada contra, muito menos a favor.

Eis aqui uma boa razão: receber correntes de gente que Ninguém não conhece. Encontrei uma página interessante: Os Brasileiros Malas do Orkut. O camarada reclama, e com razão, sobre o comportamento dos nossos patrícios.

22.10.05

 

Trafalgar e Lord Nelson


Ontem, duzentos anos atrás...

Uma amigo de Ninguém acaba de dar uma dica muito legal. A Radio 4 da BBC está com uma programação especial sobre os 200 anos da Batalha de Trafalgar, provavelmente uma das maiores vitórias navais da história (certamente, a maior do período). Para quem não se lembra, foi lá, em 21 de outubro de 1805, que morreu o mais famoso Nelson da história (não, não é o Nelson Ned), no maior barraco da época: as Guerras Napoleônicas. O mais legal é este docudrama: Trafalgar. É só clicar no botão "Listen to this edition".

 

Conforme o prometido...


É mole? Não consegui achar uma figura em português!

Num outro post, disse que iria falar sobre o Grande Prêmio do Brasil. Bom, nunca havia assistido a uma corrida em carne e osso. Para quem é fã, como Ninguém, é algo indescritível. Uma experiência sinestésica (eita!) inesquecível. As coisas mais marcantes são: o grito* dos motores (é MUITO alto, e é grito, mesmo), o cheiro da fumaça, a velocidade dos carros e a absurda capacidade de aceleração deles.

O barulho dos bólidos é indescritível. Mesmo que você coloque os protetores de ouvido, ainda assim, é muito alto. Fiquei tirando e colocando os protetores, na tentativa de gravar na memória esse som fascinante (como diria o sr. Spock). Pense em um barulho muito alto. Multiplique isso por dez. Agora, dobre. É mais ou menos isso.

O cheiro da fumaça, infelizmente, é mais marcante durante a volta de apresentação e na primeira volta, quando os carros ainda estão todos juntos. Depois, conforme a corrida avança, os carros começam a se distanciar uns dos outros, e a fumaça se dispersa muito rapidamente.

Já a velocidade e a capacidade de aceleração dos carros é fenomenal. Estávamos em uma arquibancada que fica bem na saída da curva do Sol. Nossa visão era muito limitada. Se você não conhece Interlagos, basta olhar o desenho acima. De onde estávamos, víamos o S do Senna, a curva do Sol, a maior parte da reta oposta, pedaços do Laranjinha e do Bico de Pato, além do final do Mergulho, a Junção e a subida dos boxes. Exatamente neste último trecho (Mergulho-Junção-Subida dos Boxes), tem-se a noção exata do que é um Fórmula Um. Como este trecho fica do outro lado do circuito, os carros ficam pequenininhos, do tamanho de um matchbox. Com isso, tem-se a noção exata da rapidez e da velocidade desses carros. Eles diminuem muito a velocidade entre a Junção e a Subida dos Boxes. Aí, entram nessa subida (e olha que é uma BRUTA subida). Se o cidadão não prestar muita atenção, perde os carros de vista. Na verdade, o que a gente vê, lá do outro lado do circuito, são manchas muito rápidas. Já onde estávamos, a sensação é inversa, pois os carros enfrentam uma seqüência de curvas (S do Senna-Curva do Sol), para só acelerarem na Reta Oposta. Só que, por conta do ângulo de visão de onde a gente estava, não dá para sentir essa aceleração e velocidade.

Na TV, a gente tem uma impressão muito distorcida do que é uma corrida de Fórmula Um. É como se fosse uma Alegoria da Caverna em alta velocidade.

Resumindo: é emocionante!

* Infelizmente, só consegui achar o ronco de um BRM de 1953!

 

Ninguém axa ki sabi iskrever


Você sabe?

Pois, é. Talvez este escriba seja velho demais, pois fica incomodado (não do jeito que minha vó ficava) quando vê coisas como o título deste post. Flanando pela internet, Ninguém chegou a um blog com uma campanha interessante: Eu sei escrever. Um outro título poderia ser: "não seja preguiçoso".

 

Este blogue foi oficialmente lançado para o espaço sideral...


Agora é oficial!

É verdade, minhas parcas mensagens agora irão alcançar os rincões mais desolados de nossa galáxia. O Blog in Space coloca o seu bloque no espaço sideral. Só espero que our little green friends sejam realmente amigáveis e não apreciem carne humana...

Outra hora coloco um post aqui com algumas idéias que tenho sobre Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

Por falar nisso, recebi, ontem, uma visita ilustre: o psicodiafanista (que já incluí na minha listinha de blogues). Pronto! Agora, posso dizer de boca cheia: este blogue um dia já teve três leitores!


 

For those about to read...


We salute you!

Recebi a dica desta página aqui: Arts & Letters Daily. Se você já conhece, diga aqui se presta. Parece ser bastante interessante. É uma página com enlaces para os principais jornais, revistas, rádios, TVs e páginas da Internet existentes. Trata, principalmente de literatura e cultura. Mas não tem o glorioso Pravda!



15.10.05

 

Pit-babes e a Guerra Fria


Pit-babe, modelo doméstico!

Muito trabalho, pouco tempo. Interlagos foi sensacional. Queria fazer um test-drive em várias pit-babes, mas a patroa disse que eu ia era dar de cara com um pit-bull aqui em casa. Volto a falar disso (da corrida) mais adiante.

Ah, sim, fiz mais umas encomendinhas na amazon. Quando os livros chegarem, entrarão na fila (há uns vinte e tantos na fila). Falo mais sobre isso quando tiver tempo. Estou lendo um sobre espionagem muito fraquinho. Foi escrito por um camarada (e a respectiva patroa) que trabalhou(aram) para a CIA, mas os diálogos e o texto são sofríveis, com todos os clichês possíveis e imagináveis do gênero. Teoricamente, é uma obra de não-ficção, mas deveria ser classificado como "inficção" (ou "infecção"). Ah, o livro se chama Spy Dust, e os culpados, Antonio e Jonna Mendez.

PS: Fiz pequenas alterações neste post. Tinha muito "livro" para pouco texto.

3.10.05

 

Ninguém vota sim


Você com um revólver na mão é um bicho feroz... (Bezerra da Silva)

Tenho alguns conhecidos que votarão Não. Direito deles. Acredito que estão errados em suas justificativas. Para eles, basicamente, o problema é que os cidadãos "de bem" ficarão indefesos ante a bandidagem e que, se é para desarmar, tem de desarmar todo mundo. Concordo. Só que, fazendo uma analogia, se fôssemos seguir esse raciocínio ao absurdo, chegaríamos à conclusão de que todos os países deveriam ter o direito de desenvolver e possuir armas nucleares. O raciocínio é exatamente o mesmo: as armas nucleares são banidas ou todo mundo tem o direito de ter armas nucleares.

Ouvi, hoje, um dos defensores do Não, afirmar que carro também mata. Novamente, se formos levar esse raciocínio ao pé da letra, chegaríamos à conclusão de que praticamente tudo o que existe no mundo deveria ser proibido, pois, em princípio, qualquer coisa pode ser usada para matar. Na campanha contra o desarmamento, um dos defensores fala que armas não matam, quem mata é quem atira - impossível não lembrar daquela piada em que o assassino (que usou uma faca) confessa: "Eu não matei! Só fiz o furo no bucho. Quem matou foi deus." Bem, o ponto é que, todo e qualquer objeto tem uma finalidade última que, em CNTP, não é ferir ou matar. As armas só tem uma finalidade última: ferir ou matar.

Para mim, o principal objetivo da campanha é diminuir os crimes cometidos por motivos fúteis (acidentes de trânsito, discussões em bares, brigas domésticas, rixas entre vizinhos, etc.) e acabar com as mortes por acidentes com armas de fogo (principalmente de crianças e adolescentes).

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