28.7.05

 

IRA abandona a luta armada.


Foi depois desse dia que a coisa piorou.

Seanna Walsh, um membro do IRA, acaba de ler uma declaração determinando o fim da campanha armada pela unificação da Irlanda do Norte com a República da Irlanda. Deu na BBC. O fim das atividades do IRA, segundo a declaração, está marcado para as 16h00 (horário local). Todas as armas do IRA deverão ser depostas, e seus membros e seguidores deverão buscar atingir seus fins políticos por meios pacíficos.

Desde 1969, cerca de 1.800 pessoas foram mortas por ações do Exército Republicano Irlandês. A coisa piorou depois do Domingo Sangrento (Bloody Sunday), em 1972, quando os "paras" (tropa formada por paraquedistas do exército britânico) entraram em conflito direto com civis que participavam de uma passeata pacífica e assassinaram 13 manifestantes. O resultado foi que o "Provo", ou "Provisional IRA", aumentou consideravelmente o número de voluntários em suas fileiras. O mais irônico é que o exército britânico havia sido originalmente chamado pela própria comunidade católica de Belfast, Irlanda do Norte, para garantir a paz e a ordem após uma série de ataques perpetrados por unionistas contra os católicos.

A última vítima do IRA foi Robert McCartney, assassinado em janeiro passado por membros do IRA em uma briga de bar (sem nenhuma relação políitica). O assassinato e a tentativa de acobertar o crime feita pelo IRA (e indiretamente pelo Sinn Féin) acabou revoltando a população de Short Strand (um enclave católico no meio de uma área predominantemente protestante no leste de Belfast), onde vivia McCartney. A família da vítima exigiu investigações e a prisão dos responsáveis, que agiram como típicos mafiosos: além de limparem a cena do crime, ameaçaram testemunhas. O assassinato ainda está sendo investigado e, por enquanto, apenas duas pessoas foram acusadas. Mais sobre o caso aqui.

Nota: incrível a rapidez com que a Wikipedia foi atualizada. Mal o IRA terminou de fazer seu pronunciamento, a página da enciclopédia já comentava o dito cujo.

26.7.05

 

Brasileiros na Grã-Bretanha.


Miss Brasil da Grã-Bretanha, 2005.

O que Luís Lula da Silva, Danúbia Soares e Ana Costin têm em comum? Não, dileto(a) leitor(a), eles não são parentes de Luiz Inácio Lula da Silva, Delúbio Soares e Cláudia Costin. São, sim, três pessoas envolvidas em um concurso de miss Brasil na Grã-Bretanha! Uma semana depois da trágica morte de um brasileiro pela polícia britânica (cá entre nós, um tiro na cabeça, até entendo, mas sete tiros*? Isso é que é overkill!), a colônia brasileira elege sua miss Brasil da Grã-Bretanha, Ana Lídia. Nunca tinha ouvido falar disso antes. Provavelmente, nunca mais ouvirei falar disso.

* Segundo a IPCC, a comissão independente que analisa reclamações relativas à atuação da polícia britânica, o rapaz foi morto com oito tiros: sete na cabeça e um no ombro.

22.7.05

 

Aceita-se.


Pode ser usado, mas, de preferência, sem lama.

Aceita-se um Land Rover. Em troca, ofereço a minha amizade desinteressada. Prometo discrição absoluta e nenhuma possibilidade de escândalo.

Seu César Roberto Santos Oliveira*, caso o Silvinho devolva mesmo o carro, aceito de bom grado (mesmo usado). A única coisa que peço é que venha sem lama, tá? Pode contar com a minha palavra e a minha amizade.

* Vice-presidente da GDK.

21.7.05

 

Beam me up, Scotty!


James Doohan (1920-2005)

Os trekkers estão de luto. A BBC acaba de informar que faleceu o ator canadense James Doohan, que sempre pensei que fosse escocês por conta de sua personagem mais famosa (e, para mim, a única), Scotty, o engenheiro-chefe da USS Enterprise. Morreu de complicações relacionadas a uma pneumonia e ao Mal de Alzheimer. Na juventude, participou como soldado de infantaria no Dia D, quando foi ferido. Continuou na guerra como piloto de avião e ficou conhecido como "the craziest pilot in the Canadian Air Force". Teletransportou-se desta para a fronteira final. RIP.

20.7.05

 

Cobaias humanas


And now for something completely different!*

De acordo com esta matéria aqui, a partir do ano que vem, o exército norte-americano vai utilizar uma arma que emite raios de microondas, para conter tumultos. O local escolhido é o Iraque. Um dos problemas dessa arma é que, nos testes, eles pediram aos "voluntários", que não utilizassem óculos, lentes de contato nem portassem objetos metálicos (moedas, não armas), para evitar maiores danos à visão ou queimaduras. Imagine como isso vai funcionar direitinho num ambiente controlado como é o existente no atual Iraque!

* A arma não é necessariamente igual a essa aí. Trata-se apenas de uma ilustração.

 

A Daslu e as Megaoperações da PF


Sacoleiro-chinfrim pode. Só não pode sacoleira-madame?

A OAB e a FIESP saíram em defesa da "sociedade" contra o suposto arbítrio de recentes ações movidas pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público e, algumas vezes, com a Receita Federal. A OAB, volta e meia, chia também contra invasões, prisões e apreensões feitas em escritórios de advocacia (voltarei a falar sobre isto em outra oportunidade). Ambas (FIESP e OAB) proveitam para fazer indiretamente um ato de desagravo à recente prisão da sacoleira-madame. A torto e a direito, afirmam os defensores da "sociedade", que a ação contra a Daslu foi ato espalhafatoso, destinado a desviar os holofotes de Brasília, onde trambiques de outra monta têm dado o tom das pautas jornalísticas. Bom. Pode até ser que haja alguma correlação temporal entre os dois fatos, mas este papalvo aqui não acredita que, por maior que fosse o aparato e a "graudez" da turma envolvida na maracutaia privada, isso viesse a interferir na atenção dedicada ao escândalo dos escândalos na Ilha da Fantasia. Não é de hoje que a PF e o MP têm atuado em conjunto em grandes operações, prendendo gente graúda e cortando a própria carne* (haja vista, por exemplo, as prisões da Operação Anaconda, Farol da Colina e Praga do Egito). Segundo o Ministério Público, as investigações sobre a megasacoleira do high society já vinham sendo feitas há pelo menos três anos.

Curiosamente, quando Law Kin Chong, o megasacoleiro das massas, foi preso em São Paulo, nem OAB nem FIESP levantaram um dedo. Por que será?

* Não agüento mais ouvir gente falando em "cortar ***na*** própria carne"!

19.7.05

 

A natureza é cruel? Besteira!


Veja o que 30 vespas fazem com 30.000 abelhas.

É impressionante. Agora, a partir disso, inferir que a natureza é cruel, é projetar sobre animais e insetos valores humanos. A natureza não é cruel. A natureza é a lei da selva.

18.7.05

 

Perdi a virgindade com o Queen.


O primeiro disco de rock, a gente nunca esquece.

É verdade. Outro dia, estava na Livraria Cultura, fazendo uma pequena extravagância, e me lembrei do primeiro disco de rock que "fez minha cabeça" (eu devia ter uns dez anos): Queen Live Killers. Ato contínuo, procurei o disco, mas não o encontrei. Um rapaz que trabalha lá disse que tinha um no estoque e foi buscá-lo para mim. Com felicidade pubescente, comprei o CD. O Queen foi a primeira banda de rock que me chamou a atenção e, como disse um amigo, a quem fiz pergunta semelhante: "Você quer dizer, aquela música que escutei e disse que era daquilo que eu realmente gostava?" Por mais que aprecie outras bandas e outros estilos de música, escutar "We will rock you", a primeira música desse disco, tem em mim um efeito que é difícil de explicar. Na verdade, é o disco inteiro (que estou escutando agorinha mesmo).

Depois, na adolescência, comecei a ouvir outras coisas e acabei deixando o Queen meio de lado. Mais tarde, comecei a abrir a minha cabeça para o jazz (thanks, Uncle Filthy), mas o primeiro amor a gente nunca esquece. Tanto é que, na minha fase headbanger mais radical, fui ao Rock in Rio (1985) e resolvi, numa das noites, assistir ao Queen, só de farra (achei que ia sair dali rapidinho). Quando me dei conta, estava ali, cabeludo, com uma camiseta do Bark at the Moon (Ozzy Osbourne), batendo palmas e berrando a plenos pulmões: "All we hear is Radio ga ga/Radio goo goo/Radio ga ga".

Ah, sim. Uma das coisas de que não me esqueço também é que meus pais não me deixaram ir assistir ao show do Queen, quando eles estiveram aqui em 1981.

16.7.05

 

Apenas duas perguntas:


Hein? Hein?

1) Por que é que igrejas têm isenção tributária?

2) Em que pé andam as investigações sobre as contas do Paulo "Estupra-mas-não-mata" Maluf?

12.7.05

 

A Mala Trágica


Nessa época, crime da mala significava outra coisa.

Marido ciumento estrangula mulher grávida, esquarteja o(s) corpo(s) e o(s) despacha para Bordeaux. Em resumo, este é o crime da mala original, ocorrido em outubro de 1928, quando José (Giuseppe) Pistone matou sua esposa, Maria Fea, que estava grávida de seis meses. Uma narrativa bem detalhada pode ser encontrada no jornal eletrônico Novo Milênio, de Santos.

Nos dias de hoje, crime da mala, ou melhor dizendo, crime das malas, tem significado distinto: lavagem de dinheiro e pagamento de propina. Se qualquer pessoa normal que não seja publicitário careca tem medo de andar com quantias superiores a quinhentos reais em dinheiro, imagine andar com milhões de reais? É um montante tão grande que não dá nem para falar em dinheiro vivo. Só pode ser dinheiro muito vivo.

Falando em maridos ciumentos que matam esposas grávidas, o promotor Igor Ferreira da Silva continua livre, leve e solto. Pior, continua como o 4º Promotor de Justiça Criminal do V Foro Regional (de São Miguel Paulista). É só procurar o nome dele aqui.

9.7.05

 

I beg to differ, Uncle Filthy*


E se for direitista? Atirar pelas costas?

Se entendi direito o seu texto, você coloca todos os liberais e esquerdistas no mesmo balaio de gatos, compartilhando a mesma opinião, isto é, a de justificar o uso do terrorismo por parte da Al Qaeda et caterva como arma contra a presença dos EUA et caterva no Afeganistão, Iraque e Palestina. Se o bem entendi, o terrorista não seria cuzão em relação aos Tariq Alis da vida porque agiria diretamente e poria a mão na banana de dinamite, a despeito de não colocar a cara para bater. É isso? Se for, discordo. Terrorista, independentemente do ideal que defenda, é cuzão de marca maior, sim, porque não dá às vítimas a menor chance de defesa. E qualquer um que faça isso só tem um nome: cuzão. Além disso, diferentemente dos terroristas, Tariq Ali coloca a cara para bater, ao dizer o que pensa e assinar o que escreve. (Isto não quer dizer que concorde com o que ele diz.)

Acho que você misturou alhos com bugalhos ao juntar covardia física com covardia moral e ao dar a entender que ambos os tipos de covardia são típicos de liberais e esquerdistas.

Uma coisa é a covardia física, pura e simples. Quanto a esta, há vários motivos que a podem justificar (e ser de esquerda ou liberal, ter unha encravada ou torcer para o Timão, definitivamente, não faz a menor diferença). O principal deles, Freud explica (não foi ele que disse que "anatomia é destino"?): falta de equipamento natural. Mais que covardia, trata-se, pura e simplesmente, de instinto de sobrevivência. Covardia física não faz distinção ideológica. E, cá entre nós, quem é mais covarde, um badboi que tenta bater em um fracóide, ou um fracóide que sai correndo, já que não tem a menor chance de se defender do valentão? De qualquer modo, dizer que liberais e esquerdistas são cuzões porque teoricamente estariam mais propensos a serem vítimas de valentões e que tais não faz o menor sentido.

Outra coisa, totalmente diferente, é ser contra ou a favor do uso da violência estatal. O que isso tem a ver com covardia ou ser de esquerda ou liberal? O Estado tem o direito de exercer a violência em sua defesa, desde que isso seja um ato legítimo. O busílis (eita!) é definir o que confere legitimidade ao Estado e, conseqüentemente, a seus atos. Isso depende do tipo de sociedade em que se vive: nas democracias, a legitimidade é conferida pela vontade da maioria. Nas ditaduras, ela é conferida pela vontade de quem tem o maior tacape. Aí, é preciso saber se é possível conferir legitimidade a ditaduras. Não acredito nisso nem creio que você acredite. Porém, nesse caso, para serem coerentes, os Estados democráticos deveriam desconsiderar como igual ou parceiro todo e qualquer Estado cujo governo não fosse democrático. Começa por aí. Caso contrário, cai-se na hipocrisia (a.k.a. real politik) pura e simples, como foi a defesa feita pela Economist ao Pervez Musharraf. Dois pesos e duas medidas? Tudo bem, o cara é um ditador, mas vamos lá apoiá-lo porque ele pode nos ajudar na guerra ao terror, cujo objetivo, entre outras coisas, é disseminar valores democráticos, para acabar com o terrorismo, que é fomentado em sociedades não-democráticas... Um raciocínio tão coerente e válido quanto uma nota de sete reais, a não ser que se acredite em meia-gravidez.

E, ainda assim, em sociedades democráticas, é possível que o Estado faça (ou ameace fazer) uso ilegítimo da força e, nestes casos, ser contra o uso da força pelo Estado não implica covardia moral. Ora, se o uso da força é justificado por uma razão que considero ilegítima, por que haveria de apoiá-lo? Ou, então, se considero que o uso da força não é o meio mais adequado para lidar com determinada situação, por que razão deveria concordar com isso? Ser contra o uso da força pelo Estado me torna um covarde moral? Creio que não.

Há causas justas no mundo? Há. Mas quem determina o que é justo e o que não é? Você? Eu? O Enéas? É complicado.

Definitivamente, Al Qaeda et caterva deveriam ser varridas do planeta, junto com neonazistas e fascistóides. O problema é: qual é a melhor maneira de acabar com o terrorismo? Eliminar fisicamente os terroristas? É uma solução, mas não é uma rima e tampouco é viável. A saída para isso, acredito, está na reflexão sobre o que está por trás desses atos aparentemente insanos e irracionais. A Al Qaeda lança mão de uma série de desculpas, para aliciar gente maluca ou desesperada o suficiente a ponto de estar disposta a matar e a morrer. Quanto aos malucos, não há muito o que se possa fazer. Já em relação aos desesperados, é preciso ao menos tentar entender suas motivações. O que os leva a fazer o que fazem? O terrorismo é e sempre será deplorável, mas dificilmente é gratuito.

Concordo totalmente com você, quando diz que não se pode apaziguar psicopatas, mas discordo quando você coloca todos os liberais e esquerdistas (aliás, seria preciso definir o que é liberal e esquerdista) no mesmo saco de farinha, tentando criar uma relação de causa-efeito inexistente: é liberal e esquerdista, então, é covarde (física e moralmente) e defende o terrorismo. Isso equivale a chamar todos os conservadores e direitistas de reacionários e defensores do terrorismo de estado. E sabemos que nenhuma das duas afirmações é verdadeira. Temos um amigo em comum que se definiria como liberal e esquerdista. No entanto, ele deplora qualquer forma de terrorismo, como faz toda e qualquer pessoa decente (independentemente de convicção política), mas não é contra o uso da força (ainda que de modo ilegítimo). É um dos poucos esquerdistas que conheço que defendeu a derrubada incondicional de Satão Hussein.

Não entendi o seu último parágrafo: então, vale a pena virar terrorista e matar civis? Para os fanáticos da Al Qaeda, a causa deles é justa e é motivo pelo qual recorrer à violência é não só digno como a última saída. Assim, em lugar de assistir às atrocidades na TV e escrever coluninhas de "bem feito, Blair", como, segundo você afirma, faz o Tariq Ali, é prefirível partir para a ação? Outra coisa, quem é essa gente disposta a lutar para defender Tariq Ali et caterva? Os fanáticos da Al Qaeda? Finalmente, porque são cuzões, pessoas como Tariq Ali não teriam o direito de apontar as imperfeições das sociedades em que vivem (se tais imperfeições existem)?

Abraços calorosos,
Ninguém

* Este texto é um comentário sobre um texto de Uncle Filthy: For what can a poor boy do?

6.7.05

 

Vahina Giocante!


La Vahina! Giocante!

Se você tiver a mente suja como Ninguém, terá lido Vagina Chocante (ou Vagina Crocante) no título deste texto. Não se assuste. É uma reação normal quando se depara com um nome como o da atriz francesa Vahina Giocante. Apesar do nome, a srta. Giocante não é mais uma starlet do cinema pornô. Ela é a estrela de um filme, vá lá, picante: Lila dit ça. Não conheço a moça, mas fiquei com muita vontade de conhecê-la. Vamos ver se essa película (como gostam de falar os expertos) chega por aqui.

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