27.6.05

 

Rapidinha: por que a maioria esmagadora das modelos e famosas é feiosa?


Tem ou não tem os lábios do Curinga?


Já pensou? Beijar essa boca? Eca!!!

Em tempos de Batman no cinema, lembrei de um assunto que gostaria de comentar: a feiura das modelos e das "famosas". Será que há algum problema no meu cocoruto? Por exemplo, a modelo mais badalada do momento, Daniela Curinguelli, tem a boca do Curinga. Isso para não falar naqueles ombros de nadadora da ex-Alemanha Oriental.

26.6.05

 

O texto que Ninguém estava devendo


E tudo começou há 13,7 bilhões de anos*.

Finalmente, segue aqui o texto que estava devendo sobre os livros de Michio Kaku e Clifford Pickover. Começo pelo livro de Pickover, que lida especificamente com a idéia de construir uma máquina para viajar no tempo. O resultado é, digamos, hum... passável. Ele divide os capítulos do livro em duas partes. Na primeira, há uma historinha sobre um grupo de pessoas que querem viajar no tempo. Na segunda parte, ele descreve "a ciência por trás da ficção". Há dois problemas em Time: A Traveler's Guide: 1) a historinha é sofrível, ruinzinha, mesmo; e 2) as equações estão na parte da historinha e não contam com exemplos ilustrativos, que ajudariam um papalvo como Ninguém a absorver melhor determinados conceitos. Então, se o elemento não entende muito de matemática (como é o meu caso), é fácil se perder em equações estéreis... A segunda parte dos capítulos é bem mais interessante, quando ele descreve de modo mais didático os problemas enfrentados e as soluções previstas para se conseguir viajar no tempo. Há, também, uma série de apêndices com programinhas simples de computador, que simulam os efeitos de uma viagem no tempo ou em velocidades próximas à da luz. De qualquer modo, fiquei tão desapontado com a falta de exemplos nas equações e o conteúdo infantilóide da historinha que, se pudesse, devolveria o livro.

Já os dois livros de Kaku são bastante instigantes. Em Hyperspace, ele explica de modo didático temas (ou, melhor dizendo, o debate sobre esses tópicos) como: a origem e o fim do universo, buracos negros, buracos de minhoca, universos paralelos, teoria das cordas e das supercordas, viagens no tempo e entre universos paralelos, dimensões (além das quatro que conhecemos), etc. Ele escreve bem, e o livro flui com naturalidade. Só que é muito difícil de entender a teoria das cordas e das supercordas. Até agora não entendi e acho que nunca vou entender. Lógico, estou apenas começando a ter contato com o assunto. De qualquer modo, em Parallel Worlds, Kaku retoma as premissas do livro anterior e faz uma atualização, incluindo as mais recentes descobertas no campo da física teórica (Hyperspace é de 1994, e Parallel Worlds, de 2005). A maior das diferenças é que existiriam onze dimensões, em vez das dez mencionadas no primeiro livro. Um dos tópicos mais interessantes do livro é a esquematização dos tipos de civilização existentes no universo. Essa divisão foi sugerida por um cientista russo, Nikolai Kardashev, na década de 1960, e baseia-se no nível de consumo de energia: a) Tipo 0: a nossa, em que ainda estamos explorando a energia existente no planeta; b) Tipo I: uma civilização planetária, na qual todos os recursos energéticos do planeta são explorados, e a tecnologia permite prever terremotos e modificar e controlar o clima; c) Tipo II: uma civilização capaz de explorar diretamente a energia de sua estrela e de explorar e colonizar os planetas de uma pequena parte de sua própria galáxia; e d) Tipo III: uma civilização capaz de explorar a energia de bilhões de estrelas e de colonizar planetas em vastas porções de sua própria galáxia. De acordo com os cientistas, o grande problema será passarmos do Tipo 0 para o Tipo I em razão de ainda vivermos em unidades autônomas (países) e da nossa insistência em vivermos às turras uns com os outros. Alie-se a isso a proliferação de armas nucleares e a exploração desmesurada dos recursos naturais e tem-se uma elevada probabilidade de algo dar errado. De qualquer modo, limitando-se a equação apenas à questão nuclear, se não desaparecermos nos próximos duzentos anos, mais ou menos, é provável que consigamos passar para o Tipo I de civilização. Os livros, obviamente, são mais elegantes do que a minha tacanha descrição. Gostei muito mais destes dois livros do que o do Pickford. Apesar de Kaku defender algumas teses, abre algum espaço para seus opositores (isto é, menciona em linhas gerais o que postulam), o que demonstra, no mínimo, uma grande dose de elegância. O texto de Kaku flui muito bem. Com a exceção de um erro em uma explicação para a origem da União Européia (em Parallel Worlds), não tenho capacidade de comentar se houve ou não alguma aberração nas explicações sobre todo o resto. Li os dois livros com grande prazer (assim, tipo a Salma Hayek surgindo da cabeça de Zeus), mas preferi mais o Hyperspace, porque foi o meu primeiro contato com o universo de Kaku. De qualquer modo, se tivesse de escolher apenas um dos livros, optaria por Parallel Worlds, por ser mais atualizado e tratar de praticamente os mesmos assuntos que o Hyperspace.

Agora, com o texto em dia, volto à labuta, pelo menos até o dia 30.


Para não dizerem que este texto é árido!

* Imagem gerada pelo satélite WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe ou "Sonda Wilkinson de Anisotropia de Microondas", acho que é isso!), que mede a radiação cósmica de fundo. Essa seria a imagem do universo quando teria apenas uns 370.000 anos de idade.

24.6.05

 

Este texto está no lugar errado. Mas, como diria Baldrick...


I have a cunning plan!

Estou há semanas sem escrever. A culpa é a falta de trabalho e o excesso de tempo livre. É engraçado mas, quanto mais apertado são os prazos, mais inclinado me sinto a escrever aqui. Como estou sem serviço há alguns dias, a tendência é "matar menos o tempo". De qualquer modo, esse excesso de tempo livre veio a calhar, pois pude deliciar-me com coisas mais aprazíveis do que essa busca desenfreada pelo vil metal. Começo pelo fantástico Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick (interessante notar como, na imagem que abre essa página, ele está parecido com o Salman Rushdie). Kubrick é, provavelmente, o meu cineasta predileto e, em Dr. Fantástico, conta com o genial Peter Sellers. Uma das grandes sacadas do Kubrick foi transformar em comédia o que era originalmente um drama (afinal de contas, ele está falando do holocausto nuclear). A famosa cena da briga entre o embaixador soviético (Peter Bull) e o general Turgidson (George C. Scott) na Sala de Guerra é hilária.

Aproveitei para assistir, também, ao Blackadder, com Rowan Atkinson (que depois virou o Mr. Bean). São cinco DVDs com todos os episódios da saga dos Blackadders, começando no século XV e terminando no XX. O melhor de tudo é ouvir a voz de Atkinson, que, com a exceção das limitadas pontas que faz ocasionalmente em filmes de Britwood*, é muito mais versátil do que imaginava. A despeito de alguns chavões (que tendem a cansar se você assiste à série em seqüência quase que ininterrupta), a série se sustenta, principalmente, se você gosta de história e conhece um pouco da História da Grã-Bretanha. Além disso, o elenco de apoio é excelente, a começar pelo impagável Baldrick (Tony Robinson), e conta com Brian Blessed, Miranda Richardson, Stephen Fry e Hugh Laurie (que estrela o seriado House), entre outros.

*Britwood - Cruzamento entre Britain e Hollywood. Filmes com elenco majoritariamente britânico e produções róliudianas.

 

Há vida em Marte?


Chegaremos lá, mas ainda vai demorar um pouquinho...

Comecei a ler a trilogia de Marte (Red Mars, Green Mars e Blue Mars), de Kim Stanley Robinson. Há séculos não lia ficção científica (adorava o gênero quando era um pimpolho). Um amigo mui gentilmente me emprestou os livros. Estou na página 200 do primeiro deles. Kim Stanley escreve direito, sabe contar uma história e entende do riscado (a ciência que apresenta é bem factível). A trilogia trata da colonização de Marte, incluindo a alteração física desse planeta, para que tenha uma paisagem e clima semelhantes aos existentes na Terra. E, claro, todas as respectivas implicações econômicas, políticas e sociais. O livro é um "vira páginas". Uma das imagens que mais me impressionou nessas primeiras páginas é a estranheza relatada pelas personagens em relação à linha do horizonte em Marte: é bem mais próxima (basta olhar a figura acima, para perceber a razão. Marte é bem menor do que a Terra). Pena que terei de interromper a leitura por motivos de trabalho maior.

PS: Sei que estou devendo uma série de comentários sobre aqueles livros sobre física quântica, buracos negros, viagens no tempo, etc. Seguirão em breve. A ausência longa se deve ao excesso de tempo livre (leia-se, pouco serviço), que foi imediatamente dedicado a outras atividades.

8.6.05

 

Aviso aos Navegantes


Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Por motivo de força maior, amanhã, estaremos fechados para balanço.

 

O Brave New World!


Meu reino por uma dose de soma.

(Atenção! Atenção! Se você não leu Admirável Mundo Novo, não leia este texto, pois ele conta que o herói, no final do livro, foge da civilização, para viver entre selvagens. Xi... agora já foi. Brincadeirinha. O final não é assim, mas é quase isso. Pensando bem, se você não leu esse livro até hoje, não faz mal.) Aldous Huxley, escreveu Admirável Mundo Novo (cujo original, Brave New World, pode ser lido aqui) em 1932. Li o livro, pela primeira vez, quando tinha uns dez ou onze anos. A primeira coisa que fiz ao terminar a leitura foi pedir LSD para a minha mãe, que me olhou horrorizada. Retornei ao livro, um pouco mais tarde, acho que aos 17 anos, e continuei com a idéia fixa no soma.

Até hoje, o máximo que experimentei de drogas químicas, além do álcool, foram uns doze comprimidos de não sei o quê, que me deram para tomar com caipirinha quente, num ônibus lotado, no Rio de Janeiro, a caminho do Rock in Rio (1985). Não lembro direito dos efeitos dessas bolinhas em minha cabeça, pois, além dos tais comprimidos e da cachaça, fumei aquilo que o Ministro da Cultura, que também estava lá (Rock in Rio, 1985), disse que fumou até os 50 anos. O resultado, sei direitinho: perdi minha carteira, meu dinheiro, meus documentos e a entrada para o show do dia seguinte, além de ter perdido umas duas horas da minha vida em uma enfermaria, ao lado de um soldado que vomitava sem parar, além de outro par de horas, fazendo boletim de ocorrência em uma delegacia fluminense. Usar drogas dá nisso.

De qualquer modo, se Ninguém tivesse de escolher entre o mundo artificial de Mustafá Mond e o mundo natural do desajustado Selvagem, não pensaria duas vezes, optaria por viver no Admirável Mundo Novo e seria feliz para sempre, em um mundo artificial de muito sexo, drogas e os "feelies". Muito melhor do que viver no Bananão de Lulalá e FHC acolá.

6.6.05

 

Gulag o cazzo!


Não tem comparação.

A Anistia Internacional, recentemente, acusou os EUA de manter um Gulag em Guantánamo. Essa é uma comparação descabida e indecente. De tudo o que se tem falado da prisão militar em Guantánamo, a única coisa que se pode afirmar categoricamente, para enorme vergonha do governo norte-americano e da tradição democrática daquele país (ao menos internamente), é que é um absurdo manter prisioneiros de guerra indefinidamente encarcerados sem nenhum tipo de acusação formal nem julgamento. Se são culpados de crimes, que sejam julgados e sentenciados. Se não são, que sejam libertados imediatamente.

O Gulag era uma rede de campos de trabalhos forçados para prisioneiros políticos, criada em 1918, um ano após a Revolução Russa. É difícil encontrar quem tenha lido O Arquipélago Gulag, de Alexandr Solzhenitsyn na íntegra (só li até a metade do segundo volume). São três volumes de um assunto lúgubre e deprimente, mas quem leu (ao menos parte dele), sabe do que se trata. Milhões morreram no Gulag (que, no seu auge, tinha campos espalhados por todo o território da então União Soviética).

Querer comparar alhos com bugalhos é indecente.

 

Entre em Pânico...


... e saia correndo!

Contra o meu instinto de auto-preservação, acabei indo assistir ao Guia do Mochileiro das Galáxias. A melhor coisa do filme é o robô maníaco-depressivo (Marvin). A pior, de longe, disparado, é uma coisa dupla, ou melhor, são duas coisas: o fato de a narração ser dublada (desgraça número um) e o fato de o narrador ser o José Wilker (desgraça número dois)*. Até o sentido da vida tem resposta, mas essas duas atrocidades não têm explicação. Segundo o Correio da Bahia, "A dublagem tem a função de evitar uma profusão de legendas, que acabariam confundindo o espectador." Hein? Confuso fiquei eu. Se até os Irmãos Marx são legendados na íntegra, porque isso não seria possível com o Guia?

Já deveria ter percebido que essa não era uma boa idéia a partir do momento em que estava aqui em casa, posto em sossego. Tentei convidar um amigo que, mui sabiamente, declinou o convite, pois tinha de cuidar dos cachorros que estão doentes. Convidei, então, a patroa, que não estava muito animada, mas foi mesmo assim. Quando estávamos procurando um lugar e fui adentrar uma filera, tropecei no braço da primeira cadeira (ao lado do corredor) e levei um tombo digno de dublê amador. A culpa, claro, é da escuridão tenebrosa do cinema bem antes do filme começar. Taí outra coisa que não consigo entender: por que é que cinemas insistem em manter um lusco-fusco antes da sessão começar (isto é, antes mesmo dos trailers e avisos de emergência)? Arrebentei meu joelho esquerdo no chão e as minhas axilas nos encosto e no assento das duas fileiras (caí, obviamente, no vão entre as duas fileiras). Dolorosamente, agüentei a tortura de ouvir o José Wilker a cada dez minutos de filme e a dor no joelho e nas axilas.

A despeito da ponta do Malkovich, o filme deixa a desejar. Ri, mas foi um riso meio forçado, porque, pô, paguei pra ver o filme, mas ganharia mais se tivesse relido o livro. Teria economizado dinheiro e teria me poupado de agruras várias (físicas e psicológicas).

* O narrador original é Stephen Fry.

1.6.05

 

O Ambientalista Cético (uma espécie ameaçada)


Ele não merecia isso.

Comecei a ler o The Skeptical Environmentalist de Bjørn* Lomborg, Professor Assistente de Estatística no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e ex-membro do Greenpeace. O livro causou revolta nas hostes ecologicamente corretas quando foi lançado. A tese central de Lomborg baseia-se no "quem conta um conto aumenta um ponto", isto é, os ambientalistas aumentam deliberadamente o estrago causado pelo homem na natureza. Ainda estou no começo do livro, então, é muito cedo para se tirar conclusões definitivas, mas, ainda assim, é possível perceber que, se Lomborg tem razão em termos (ao apontar os exageros), por outro lado, é extremamente seletivo em sua análise e comete pecado semelhante (não necessariamente igual) ao que acusa a turma do outro lado da cerca de cometer. Por exemplo, na página 10, para sustentar seu ponto de vista em relação ao menor dos males (mortes causadas por pesticidas X mortes causadas por aumento de câncer resultante do menor consumo de frutas e vegetais), afirma que "estudos recentes sugerem que os pesticidas causam muito pouco câncer", mas não dá indicação alguma de quais são esses estudos, a despeito do livro ter quase 3.000 notas. Essa falta de precisão em relação às fontes é algo que Lomborg critica no campo dos ecologistas radicais (e os nem tanto). Lomborg também é seletivo ao mencionar o fato de que há hoje crescimento na cobertura vegetal (florestas), ao contrário do que normalmente se acredita. De fato, de acordo com os números apontados pelo estatístico danês, é incontestável que a cobertura vegetal do planeta aumentou ligeiramente, entre 1950 e 1994 (segundo a FAO), mas o problema não é meramente em termos de quantidade e sim de qualidade. O tipo de floresta que tem aumentado é, basicamente, formado por árvores de rápido crescimento, para fins industriais (indústria madeireira e de papel e celulose). Esse tipo de reflorestamento é marcado pela baixíssima biodiversidade da flora e, conseqüentemente, da fauna. Já a cobertura vegetal nativa, que vem sendo destruída, é formada por uma composição riquíssima de espécies vegetais que sustentam múltiplas formas de vida.

Mesmo se Lomborg estiver redondamente enganado, nada justifica a perseguição feita pelos ecocôlogistas ultraradicais (vide foto acima). Algum tempo após a publicação em inglês do livro de Lomborg, a revista Scientific American preparou um editorial de 11 páginas atacando tanto o autor quanto o livro. "Democraticamente", ela ofereceu apenas uma página e meia para que Lomborg se defendesse. Lomborg resolveu publicar a defesa em sua página na Internet. Resultado, a Scientific American ameaçou processá-lo por pirataria caso publicasse em seu sítio as 11 páginas, nas quais era criticado. Belíssima isenção científica! "Democraticamente", Lomborg teve seu direito de defesa cerceado. Quem quiser saber mais sobre o monobate entre a revista e Lomborg, pode visitar esta página, que publicou na íntegra os dois lados (a matéria da revista e as respostas de Lomborg).

* Ninguém ficou um tempão tentando descobrir como escrever esse "ø". Ninguém também é utilidade pública. Contribuindo para a preservação do meio ambiente, Ninguém vai mostrar ao distinto público como economizar energia e poupar tempo. Para escrever "ø" basta teclar ALT+155.

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