1.6.05

 

O Ambientalista Cético (uma espécie ameaçada)


Ele não merecia isso.

Comecei a ler o The Skeptical Environmentalist de Bjørn* Lomborg, Professor Assistente de Estatística no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e ex-membro do Greenpeace. O livro causou revolta nas hostes ecologicamente corretas quando foi lançado. A tese central de Lomborg baseia-se no "quem conta um conto aumenta um ponto", isto é, os ambientalistas aumentam deliberadamente o estrago causado pelo homem na natureza. Ainda estou no começo do livro, então, é muito cedo para se tirar conclusões definitivas, mas, ainda assim, é possível perceber que, se Lomborg tem razão em termos (ao apontar os exageros), por outro lado, é extremamente seletivo em sua análise e comete pecado semelhante (não necessariamente igual) ao que acusa a turma do outro lado da cerca de cometer. Por exemplo, na página 10, para sustentar seu ponto de vista em relação ao menor dos males (mortes causadas por pesticidas X mortes causadas por aumento de câncer resultante do menor consumo de frutas e vegetais), afirma que "estudos recentes sugerem que os pesticidas causam muito pouco câncer", mas não dá indicação alguma de quais são esses estudos, a despeito do livro ter quase 3.000 notas. Essa falta de precisão em relação às fontes é algo que Lomborg critica no campo dos ecologistas radicais (e os nem tanto). Lomborg também é seletivo ao mencionar o fato de que há hoje crescimento na cobertura vegetal (florestas), ao contrário do que normalmente se acredita. De fato, de acordo com os números apontados pelo estatístico danês, é incontestável que a cobertura vegetal do planeta aumentou ligeiramente, entre 1950 e 1994 (segundo a FAO), mas o problema não é meramente em termos de quantidade e sim de qualidade. O tipo de floresta que tem aumentado é, basicamente, formado por árvores de rápido crescimento, para fins industriais (indústria madeireira e de papel e celulose). Esse tipo de reflorestamento é marcado pela baixíssima biodiversidade da flora e, conseqüentemente, da fauna. Já a cobertura vegetal nativa, que vem sendo destruída, é formada por uma composição riquíssima de espécies vegetais que sustentam múltiplas formas de vida.

Mesmo se Lomborg estiver redondamente enganado, nada justifica a perseguição feita pelos ecocôlogistas ultraradicais (vide foto acima). Algum tempo após a publicação em inglês do livro de Lomborg, a revista Scientific American preparou um editorial de 11 páginas atacando tanto o autor quanto o livro. "Democraticamente", ela ofereceu apenas uma página e meia para que Lomborg se defendesse. Lomborg resolveu publicar a defesa em sua página na Internet. Resultado, a Scientific American ameaçou processá-lo por pirataria caso publicasse em seu sítio as 11 páginas, nas quais era criticado. Belíssima isenção científica! "Democraticamente", Lomborg teve seu direito de defesa cerceado. Quem quiser saber mais sobre o monobate entre a revista e Lomborg, pode visitar esta página, que publicou na íntegra os dois lados (a matéria da revista e as respostas de Lomborg).

* Ninguém ficou um tempão tentando descobrir como escrever esse "ø". Ninguém também é utilidade pública. Contribuindo para a preservação do meio ambiente, Ninguém vai mostrar ao distinto público como economizar energia e poupar tempo. Para escrever "ø" basta teclar ALT+155.

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